domingo, 11 de novembro de 2012

O ENSINO DA PALAVRA






*O relativismo e o apostolado cristão no ano da Fé



"O relativismo moderno faz-nos esquecer com frequência como deve ser o apostolado cristão. Temos medo de apresentar nossa fé e há quem chegue a afirmar que prega-la seria uma forma de desrespeitar o próximo. Palavras de Paulo VI e de Santo Agostinho mostram-nos qual deve ser nossa verdadeira atitude. Que as palavras de ambos contribuam para nossa luta pela reevangelização neste ano da Fé." 
Valter de Oliveira


«Será também um sinal de amor o esforço para transmitir aos cristãos, não dúvidas ou incertezas nascidas de uma erudição mal assimilada, mas certezas sólidas, porque estão ancoradas na Palavra de Deus. Sim, os fiéis precisam dessas certezas para a sua vida cristã»

(Exortação Apostólica ‘Evangelli Nuntiandi’, n. 79 – Paulo VI)



«São mais do que podíamos esperar [os semeadores de confusão], e onde não são combatidos seduzem outros e engrossa-se a seita, de modo que não sei onde vão a terminar. Eu prefiro curá-los dentro do organismo da Igreja antes que amputá-los desse organismo como membros incuráveis, a não ser que urja a necessidade; porque também há que temer que por perdoar o apodrecido apodreçam muitos outros, contudo é poderosa a misericórdia do Senhor e pode livrá-los dessa peste»

(Epístola 137, 23,22 - Santo Agostinho)



«O pregador do Evangelho terá de ser, portanto, alguém que, mesmo à custa da renúncia pessoal e do sofrimento, procura sempre a verdade que há de transmitir aos outros. Ele jamais poderá trair ou dissimular a verdade, nem com a preocupação de agradar aos homens, de arrebatar ou de chocar, nem por originalidade ou desejo de dar nas vistas. Ele não há de evitar a verdade e não há de deixar que ela se obscureça pela preguiça de a procurar, por comodidade ou por medo; não negligenciará nunca o estudo da verdade. Mas há de servi-la generosamente, sem a escravizar».

(Exortação Apostólica ‘Evangelli Nuntiandi’, n. 78 – Paulo VI)



Nota: *O subtítulo e os destaques em negrito são do blogsite Claraval.

CHINA, TERRA DE ESPERANÇA





Ernesto Juliá Dias








 “Nossa Igreja na China, particularmente os leigos, sempre conservou a piedade, a fidelidade, a sinceridade e a devoção dos primeiros cristãos, apesar de haver sofrido cinquenta anos de perseguições”.



As sessões do Sínodo dos bispos, que está se celebrando em Roma, estão abertas a todo tipo de intervenções e de iniciativas.  Entretanto, é possível que não se esperasse de nenhum dos participantes um testemunho mais claro e preciso do que aquele que acabaram de receber da China. 

O bispo Lucas Ly Jingfeng, que não pode viajar a Roma, escreveu uma carta em latim ao Papa, para manifestar sua adesão à Sé de Pedro, e para “consola-lo na Fé”.

Sim, é o que escrevi: “Consolar o Papa na Fé”. O bispo se comoveu ao ler a lamentação de Bento XVI sobre o estado da fé em algumas nações de raízes católicas. “Em vastas zonas da terra a fé corre perigo de apagar-se como uma chama que não encontra mais alimento. Estamos diante de uma crise profunda da fé, de uma perda do sentido religioso que constitui o maior desafio da Igreja de hoje”.

E é da China que chegam umas palavras de consolo.

“Espero que nossa fé de cristãos na China possa consolar o Papa. Não menciono a política porque é sempre passageira”.

O bispo Ly Jigfeng sabe onde o homem encontra o verdadeiro alimento de seu espírito. No Ocidente, talvez estejamos demasiadamente emaranhados (...) em uma série de discussões sobre secularismo, relativismo, indiferentismo, etc., etc., que nos impedem de levantar o olhar para a Cruz de Cristo, e com Cristo, elevá-la até Deus Pai; e descê-la depois à terra e descobrir nas pessoas que nos rodeiam, sãs ou enfermas, o rosto de outros filhos de Deus, o rosto de Cristo.


O bispo chinês coloca o problema em seus verdadeiros termos: a Fé. Essa relação de todo nosso ser, não somente da inteligência, nem da razão, nem do sentimento, nem da emoção, nem do instinto, mas a plenitude do “eu”, da pessoa, com Deus que é amor, que se aproximou do homem encarnando-se e entregando a si mesmo na cruz para salvar-nos e reabrir-nos as portas do Céu”.

As perseguições na China foram duras, muito duras. Também porque os fiéis católicos à Igreja e ao Papa, tiveram que sofrer os ultrajes e as injustiças de sacerdotes e bispos traidores e corruptos, vendidos ao poder. Mas, por outro lado, nunca faltaram mártires, sacerdotes e bispos que procuraram viver plenamente a fé, que ainda sob a aparência de um compromisso com o poder o rechaçavam plenamente em seu interior”.

O bispo, depois de expressar o testemunho da fé dos chineses – vinte mil católicos em sua diocese – manifesta sua fé rezando: “Rogo intensamente a Deus para que nossa piedade, felicidade e sinceridade possam curar a tibieza, a infidelidade e a secularização que surgiram no exterior devido a uma liberdade sem limites”.

Os católicos chineses transmitem hoje a toda a Igreja uma mensagem de Fé e de Esperança. Têm vivido profundamente sua liberdade resistindo a insídias, traições, obstáculos, contradições de todo tipo, e a incompreensão de muitos governos que por temor de perder interesses comerciais na China, jamais disseram uma palavra para defender as liberdades – inclusive a religiosa – dos cidadãos chineses.

Os chineses católicos saborearam a alegria da “liberdade dos filhos de Deus” e agora começam a alegrar-se de transmitir a Fé e a Esperança, com a Caridade, às terras que um dia enviaram seus filhos a pregar a Cristo nas margens do Yang-Tsé.





(23 de outubro de 2012)
originalmente em ReligionConfidencial.com
(trad. Valter de Oliveira)